As vendas de carros elétricos no Brasil deverão quintuplicar entre 2023 e 2027, segundo um relatório da Bloomberg New Energy Finance (BNEF). O estudo aponta que veículos eletrificados estão deixando de ser um fenômeno exclusivo de países ricos, com mercados emergentes como Tailândia, Índia e Brasil registrando recordes de comercialização à medida que modelos mais acessíveis são lançados.
Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) indicam que o Brasil registrou 93 mil emplacamentos de veículos elétricos leves no último ano, incluindo automóveis e comerciais leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e totalmente elétricos (BEV).
A análise da BNEF sugere que, embora as vendas de carros elétricos de passeio continuem a crescer globalmente, esse crescimento ocorrerá em um ritmo mais lento nos próximos anos. A previsão é de uma taxa de crescimento média de 21% ao ano até 2027, comparada a uma média de 61% entre 2020 e 2023.
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A participação dos elétricos nas vendas de veículos de passageiros deve subir de 17,8% em 2023 para 33% em 2027. China e Europa liderarão essa mudança, com participações de mercado de 60% e 41%, respectivamente.
O aumento das vendas de veículos elétricos terá um impacto significativo na demanda por combustíveis fósseis. As vendas de veículos a combustão, que atingiram o pico em 2017, serão 29% menores em 2027. A presença crescente de veículos elétricos nas estradas, incluindo carros, caminhões e ônibus, além de motos e triciclos elétricos, reduzirá a demanda por petróleo em 4 milhões de barris por dia até 2027, o equivalente ao consumo total do Japão em 2022.
A capacidade de produção de baterias é um desafio crucial, com a expectativa de um excedente cinco vezes superior à demanda global projetada para 2025, que será de 1,5 TWh. Avanços tecnológicos têm favorecido o uso de baterias de fosfato de ferro-lítio (LFP), especialmente na China, onde os preços das células caíram rapidamente para R$ 53/kWh em 2024. Essa tecnologia deverá ultrapassar 50% de market share nos próximos dois anos.
A BNEF projeta que, em um cenário de frota 100% elétrica até 2050, serão necessários cerca de 8,313 TWh de eletricidade para abastecer todos os veículos, o dobro do volume consumido pelos EUA em 2023.
Para atender ao crescimento da demanda, a indústria de equipamentos de recarga precisará se desenvolver rapidamente na próxima década. Entre US$ 1,6 trilhões e US$ 2,5 trilhões em investimentos acumulados serão necessários para a instalação e manutenção dessa infraestrutura até 2050.