
Energia solar cresce quase 30% em abril e reforça papel estratégico na matriz elétrica
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Maria Gestão
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A geração de energia solar fotovoltaica no Sistema Interligado Nacional (SIN) registrou um aumento expressivo de 28,9% em abril, alcançando 4.100 megawatts médios (MWmed). O dado, divulgado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), considera apenas a geração centralizada e representa um avanço significativo frente aos 3.180 MWmed registrados no mesmo mês de 2024.
O desempenho da energia solar reforça sua relevância como fonte estratégica na diversificação e na descarbonização da matriz elétrica nacional. Além da solar, as fontes eólica e térmica também apresentaram crescimento no período, com aumentos de 23,1% e 9%, respectivamente. Em contrapartida, a geração hidrelétrica recuou 8,2%, refletindo os efeitos da redução das afluências em bacias importantes para o sistema.
No total, a geração de energia no SIN em abril foi de 74.274 MWmed, um leve recuo de 1,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o consumo de energia elétrica caiu 2,2%, atingindo 75.515 MWmed — com retrações tanto no Ambiente de Contratação Livre (ACL), de 1,3%, quanto no Ambiente de Contratação Regulada (ACR), de 2,8%.
Consumo regional e setorial apresenta contrastes
A análise regional do consumo de energia mostrou comportamentos distintos entre os estados. Enquanto Ceará (+3,4%), Piauí (+3,7%), Acre (+5,8%), Pará (+7,7%) e Maranhão (+15%) registraram alta, outras regiões apresentaram quedas acentuadas, como Mato Grosso do Sul (-12,8%), Amapá (-9,9%) e Paraná (-6,4%).
Setorialmente, os destaques positivos vieram dos segmentos de saneamento (+5,0%) e extração de minerais metálicos (+13,5%). Por outro lado, os setores de comércio (-12,8%), transportes (-7,9%) e manufaturas diversas (-7,3%) lideraram as quedas no consumo.
Governo antecipa reforço na geração térmica para garantir segurança energética
Em resposta à redução de afluências e ao nível de armazenamento aquém do ideal no subsistema Sul, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou, em 14 de maio, a antecipação da operação de usinas termelétricas contratadas no Leilão de Reserva de Capacidade (2021), com início previsto para agosto de 2025. A medida visa garantir segurança energética ao sistema nacional.
O CMSE também orientou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a intensificar medidas para conter as defluências mínimas de usinas hidrelétricas no Sul e a reforçar o intercâmbio de energia com os demais subsistemas. O despacho de térmicas próximas ao centro de carga também foi autorizado para elevar a capacidade de transmissão, ou ainda substituído por soluções locais mais competitivas.
Em abril, apesar da ocorrência de frentes frias com boas precipitações em bacias da região Sudeste e parte da região Norte, o cenário de longo prazo aponta para afluências abaixo da Média de Longo Termo (MLT) entre maio e outubro. No cenário inferior, a energia armazenada no Sudeste/Centro-Oeste poderá ficar 2 pontos percentuais abaixo de 2024. Já no cenário otimista, o nível poderá superar o registrado no mesmo período do ano passado em até 4 pontos percentuais.