A descarbonização do setor de energia é um dos maiores desafios no combate às mudanças climáticas, já que é a principal fonte de emissões de dióxido de carbono globalmente. Um estudo recente da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) revelou que alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050 exigirá investimentos de US$ 215 trilhões.
Não existe uma única solução para cumprir os objetivos do Acordo de Paris e limitar o aquecimento global. A BNEF aponta que a transição energética será viabilizada por meio de dez tecnologias principais, que devem atuar em conjunto para impactar diferentes aspectos da descarbonização da economia.
De acordo com o estudo, em 2050, a frota de carros elétricos deve crescer para 1,5 bilhão de unidades, e nenhum veículo com motor a combustão será vendido após 2034. A capacidade instalada conjunta de energia solar e eólica deverá atingir 31 TW, um aumento significativo em comparação com os 2,4 GW registrados no final de 2023.
Além disso, a capacidade instalada de sistemas de armazenamento de energia com baterias deve chegar a 4 TW, um aumento de mais de 50 vezes em relação aos níveis de 2023. A capacidade de energia nuclear deverá triplicar para 1 TW, enquanto a captura e armazenamento de carbono (CCS) deve crescer para 8 GtCO2 sequestrados anualmente, partindo de níveis mínimos atuais.
O estudo prevê também que o uso de hidrogênio verde será de 390 milhões de toneladas por ano, quadruplicando a demanda atual de hidrogênio produzido com combustíveis fósseis. O consumo de combustível sustentável de aviação (SAF) deve atingir 333 bilhões de litros por ano, e a rede elétrica mundial deverá se expandir para 111 milhões de quilômetros, quase o dobro da extensão atual.
Entre as tecnologias mencionadas, apenas cinco são atualmente maduras e comercialmente estabelecidas: carros elétricos, energia solar, energia eólica, armazenamento de energia e redes elétricas. Essas tecnologias necessitam de uma forte aceleração para se manterem no caminho das emissões zero, mas já apresentam fundamentos sólidos para ganho de escala e baixo risco tecnológico.
Em contrapartida, a geração nuclear, captura de carbono, combustíveis sustentáveis para aviação, hidrogênio e bombas de calor ainda enfrentam desafios em termos de competitividade de custos e escala comercial. Para viabilizar o cenário Net Zero, será necessário um rápido desenvolvimento dessas tecnologias nas próximas décadas.
Conheça as dez principais tecnologias da transição energética:
Carro elétrico: Movido por um motor elétrico utilizando baterias recarregáveis, é mais silencioso, não emite poluentes e tem menores custos de manutenção.
Energia solar: Utiliza a luz e o calor do sol para produzir eletricidade (fotovoltaica) e aquecimento (térmica), sendo uma fonte limpa e renovável.
Energia eólica: Converte a energia cinética do vento em eletricidade através de turbinas eólicas.
Baterias para armazenamento de energia: Permitem estocar energia de fontes renováveis, viabilizando seu uso quando não há geração, como em períodos sem vento para turbinas eólicas.
Energia nuclear: Gerada a partir de reações nucleares em usinas termonucleares, utiliza urânio e outros elementos como combustível, produzindo calor para gerar eletricidade sem emissões de CO2.
Captura e armazenamento de carbono (CSS): Processo que separa, trata e transporta CO2 de processos industriais para armazenamento de longo prazo.
Hidrogênio verde: Produzido a partir de fontes renováveis, oferece uma alternativa limpa ao hidrogênio azul (produzido com carvão) e cinza (produzido com gás natural).
Combustível sustentável de aviação (SAF): Biocombustível produzido a partir de biomassa, resíduos e até CO2 capturado da atmosfera, conhecido como querosene verde.
Rede elétrica: Infraestrutura essencial para a transmissão e distribuição de energia, que deve se expandir e modernizar para acompanhar o crescimento das fontes renováveis.
Bombas de calor: Dispositivos que transferem calor usando um líquido refrigerante, eficientes para aquecimento e resfriamento de ambientes e água.