A indústria de energia solar comemorou os indícios positivos presentes no documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28), realizada em Dubai, Emirados Árabes Unidos, que foi encerrada na terça-feira (12/12). No entanto, a indústria também alertou para a ausência de medidas concretas no sentido da eliminação dos combustíveis fósseis.
Entre os resultados alcançados durante a conferência, destaca-se a meta de triplicar a capacidade instalada de energia renovável global até 2030, compromisso assinado por 123 países. É notável que, pela primeira vez na história das COP, o texto final abordou explicitamente o papel das fontes renováveis no enfrentamento das mudanças climáticas.
A Global Solar Council (GSC) enfatizou que a inclusão da meta de triplicar as energias renováveis no texto final é um claro indicativo de que essas tecnologias são o futuro. Segundo a entidade, esta é a primeira vez que uma conclusão da COP destaca especificamente a importância das fontes solar e eólica como tecnologias inovadoras e econômicas para alcançar objetivos climáticos.
No entanto, a GSC observou que o texto final ainda carece de compromissos e prazos que permitam aos países eliminar os combustíveis fósseis em favor das energias renováveis. Além disso, a entidade criticou a inclusão do gás natural e da captura e armazenamento de carbono como tecnologias de transição.
A nota da GSC ressalta que o texto ainda oferece muitas opções para que os países evitem tomar ações significativas. No entanto, onde a COP deixou margens, a indústria renovável poderá se posicionar e ocupar esses espaços, conforme destacado pela entidade.
Ações urgentes
Máté Heisz, diretor de assuntos globais da SolarPower Europe, afirmou que a inclusão da energia solar, eólica e armazenamento no texto final pela primeira vez na história destaca a importância das energias renováveis na facilitação da transição energética ao longo da década. Contudo, ele lamentou a perda de outra oportunidade para eliminar os combustíveis fósseis, observando que o texto final não aborda adequadamente os subsídios para carvão e outros combustíveis fósseis, além de expressar decepção com o reconhecimento do gás natural como um combustível de transição.
A Global Renewables Alliance avaliou o acordo de triplicar as energias renováveis como um avanço significativo rumo a um futuro energético mais limpo, seguro e equitativo. A entidade destacou que este marco marca o início do declínio da era dos combustíveis fósseis e representa a primeira vez que o impacto positivo da tecnologia foi reconhecido por todas as nações.
No entanto, a entidade ressaltou que o processo para alcançar o texto final será lembrado como mais um sinal da resistência dos combustíveis fósseis. Para que o acordo seja eficaz, a Global Renewables Alliance argumentou que são necessárias ações urgentes e implementações para garantir financiamento adequado, licenciamentos mais rápidos, desenvolvimento de novas redes e cadeias de suprimentos resilientes. Essas medidas, segundo a entidade, desencadearão um grande influxo de investimentos e oportunidades de emprego.