Após o cancelamento do Leilão de Reserva de Capacidade pelo governo federal, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) reforçou a importância da retomada do certame com foco específico em baterias. Segundo a entidade, a contratação de sistemas de armazenamento é essencial para garantir a segurança energética, ampliar o uso de fontes renováveis e acelerar a transição para uma matriz elétrica mais limpa.

O leilão, que previa inicialmente a contratação de hidrelétricas e termelétricas, havia incluído também a possibilidade de projetos com baterias, representando um avanço histórico para o setor. Com o cancelamento, a Absolar teme um retrocesso na modernização do sistema elétrico nacional.

Armazenamento como peça-chave para o futuro

Para a associação, o armazenamento de energia é uma solução indispensável para lidar com a intermitência das fontes renováveis, como solar e eólica. As baterias permitem guardar o excedente de produção durante o dia e utilizá-lo à noite ou em momentos de maior demanda, promovendo mais estabilidade e eficiência no sistema.

Além disso, a expansão de tecnologias de armazenamento fortalece a autonomia energética, reduz a necessidade de acionamento de termelétricas poluentes e pode evitar custos adicionais com infraestrutura de transmissão.

Leilão específico pode acelerar avanços

A proposta da Absolar é que o governo federal considere realizar um novo leilão voltado exclusivamente para projetos de baterias. Isso possibilitaria a construção de uma política pública mais direcionada, com regras claras e incentivos adequados, estimulando a atração de investimentos e o surgimento de novos negócios no setor.

A entidade também destaca que a medida seria uma forma de alinhar o Brasil às tendências globais, uma vez que diversos países já estão avançando rapidamente na implementação de sistemas de armazenamento em larga escala.

O crescimento acelerado da inteligência artificial está prestes a gerar impactos significativos no consumo global de energia. De acordo com estimativas recentes, a demanda elétrica dos data centers deve dobrar até 2030, puxada principalmente pelo aumento das aplicações em IA, como sistemas de linguagem, assistentes virtuais e plataformas de automação.

Essa transformação já está em curso. O setor de tecnologia tem assistido a uma explosão no uso de modelos de IA generativa, que requerem processamento intensivo e, por consequência, maior consumo energético. Empresas como Microsoft e Google, por exemplo, estão investindo pesadamente na ampliação de suas infraestruturas computacionais — o que inclui data centers mais potentes e, ao mesmo tempo, mais vorazes em eletricidade.

Brasil também sentirá os efeitos

Embora o fenômeno seja global, o Brasil está diretamente inserido nessa nova dinâmica. O país tem atraído investimentos no setor de tecnologia e abriga centros de dados estratégicos para grandes corporações. Com isso, cresce também a responsabilidade de garantir uma matriz energética capaz de suportar essa demanda crescente sem comprometer a sustentabilidade.

Especialistas ressaltam que a eletricidade consumida pelos data centers poderá ultrapassar os 800 TWh anuais até o fim da década, caso a tendência atual se mantenha. Isso representa um volume comparável à produção de energia de países inteiros — exigindo atenção especial a estratégias de eficiência energética e uso de fontes renováveis.

O desafio da eficiência e da sustentabilidade

Diante desse cenário, empresas do setor energético e tecnológico precisarão atuar de forma coordenada para mitigar os efeitos ambientais do crescimento digital. Investimentos em energia limpa, armazenamento, inteligência energética e inovação serão cruciais para garantir que o avanço da inteligência artificial não venha acompanhado de um aumento descontrolado nas emissões de carbono.

A decisão dos Estados Unidos de aplicar tarifas mais altas sobre a importação de painéis solares da China acende um alerta para o mercado internacional de renováveis — mas, para o Brasil, o impacto pode ser menos negativo do que se imagina. Na verdade, o cenário pode até abrir portas para oportunidades estratégicas.

As novas medidas anunciadas pelo governo norte-americano preveem aumento de tarifas sobre módulos chineses de silício monocristalino, o que pode gerar uma elevação nos custos de produção nos EUA e redirecionar parte da demanda global. Para o Brasil, isso representa uma possibilidade de se reposicionar no mapa da energia solar.

Efeitos diretos no Brasil: possíveis, mas limitados

Especialistas apontam que os efeitos diretos sobre o mercado brasileiro de energia solar devem ser relativamente modestos. Isso porque o Brasil já possui fornecedores diversificados e, nos últimos anos, tem reduzido a dependência de módulos fabricados na China. Além disso, os principais importadores brasileiros atuam de forma estratégica para mitigar riscos geopolíticos e variações cambiais.

Ainda assim, é possível que haja algum reflexo nos preços internacionais dos equipamentos, caso a demanda global por fornecedores alternativos aumente de forma acelerada. Nesse caso, o Brasil poderá sentir impactos indiretos, especialmente na formação de preços no curto prazo.

Uma brecha para desenvolver a indústria nacional

Se por um lado as tarifas americanas criam incertezas no cenário global, por outro, reforçam a importância de o Brasil investir na produção nacional de equipamentos solares. A criação de uma cadeia produtiva mais robusta pode reduzir a vulnerabilidade externa e estimular a geração de empregos e inovação tecnológica no país.

A medida também destaca a relevância de políticas públicas que incentivem a industrialização do setor de energia limpa, com foco em longo prazo e sustentabilidade econômica.

Oportunidade de liderança regional

O Brasil, que já figura entre os líderes em energia solar na América Latina, pode usar esse momento para se consolidar como uma potência renovável no cenário global. Com abundância de recursos naturais, alto potencial de geração solar e crescente adesão da sociedade à geração distribuída, o país tem os elementos necessários para avançar com força.

A Eletro Energy acredita que o futuro da energia está na inovação, na independência energética e na valorização de soluções limpas. Seguiremos acompanhando os desdobramentos desse cenário e apoiando iniciativas que tornem o Brasil cada vez mais protagonista no uso consciente e eficiente da energia solar.

O governo federal anunciou que pretende concluir a abertura do mercado livre de energia para consumidores de baixa tensão até dezembro de 2026. A meta foi divulgada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) durante o Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase) e representa um avanço importante na modernização do setor elétrico brasileiro.

Hoje, apenas consumidores ligados à alta tensão — como grandes empresas e indústrias — têm acesso ao mercado livre de energia, onde podem escolher seus fornecedores e negociar condições comerciais diretamente. A nova proposta prevê que os consumidores atendidos em baixa tensão, como pequenos negócios e residências, também passem a ter esse direito.

Estratégia gradual e regulamentação em andamento

Segundo o MME, a abertura será feita de forma escalonada e coordenada com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A primeira etapa dessa expansão já começou em janeiro de 2024, quando todos os consumidores do grupo A (alta tensão) passaram a poder migrar para o mercado livre.

Agora, o foco se volta para os consumidores do grupo B, que são atendidos em baixa tensão. O cronograma detalhado para essa nova fase ainda está sendo estruturado, e uma consulta pública sobre o tema está prevista para o segundo semestre de 2025.

Impacto e modernização do setor

O governo reforça que a abertura total do mercado livre é uma das prioridades da agenda de modernização do setor elétrico. A medida busca ampliar a concorrência, oferecer mais opções aos consumidores e promover maior eficiência na contratação de energia.

Além disso, a mudança exige adaptações no modelo regulatório, no ambiente de negócios e na infraestrutura tecnológica do setor. A expectativa é que, com a expansão, haja um fortalecimento da liberdade de escolha e da competitividade no fornecimento de energia elétrica.

Dados apresentados na reunião do Programa Mensal da Operação (PMO) em 27 de março indicam que a carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) deve registrar um aumento de 1,9% em abril. Essa estimativa é inferior às previsões anteriores, que apontavam para um crescimento de 3,9% na segunda reunião do PMO e de 2,3% no planejamento inicial. Para maio, a expectativa é de um aumento de 1,7% na carga do SIN, também abaixo da previsão do planejamento, que era de 2,1%. Para 2025, a projeção é de um aumento de 3,67%, alinhado com os 3,43% esperados no planejamento.

As temperaturas mais amenas previstas para abril e maio contribuem para a estabilidade das previsões consolidadas no SIN, com poucas alterações em relação aos cenários anteriores.

No Sudeste/Centro-Oeste, a carga deve crescer 1% em abril, conforme previsto na reunião anterior do PMO e no planejamento. Em maio, a variação esperada é mínima, de 0,1%. Para 2025, a carga nesse subsistema deve aumentar 2,9%, próximo dos 2,47% previstos no planejamento.

A região Sul deve apresentar um crescimento de 1,8% na carga em abril, sem alterações em relação à previsão anterior e ao planejamento. Em maio, a carga deve subir 4,4%, sem divergências entre as previsões. Para 2025, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) estima um aumento de 5,24%, acima dos 3,99% previstos no planejamento.

No Nordeste, a carga deve aumentar 2,7% em todos os cenários. Em maio, a previsão é de um aumento de 2,9% em todos os cenários. Para 2025, o crescimento esperado é de 3,76%, um pouco abaixo dos 4,01% previstos no planejamento.

A região Norte deve registrar o maior crescimento entre os subsistemas, com um aumento de 6,5% na carga. Esse valor é superior à previsão do segundo PMO (2,5%), mas inferior à projeção do planejamento (10,6%). Em maio, a carga deve aumentar 4,9%, abaixo dos 8,9% previstos na segunda revisão do planejamento. Para 2025, a expectativa é de um aumento de 5,3%, menor que os 7,08% do planejamento.

Durante a reunião, foi informado que a Energia Armazenada em março deve ser de 69%, e a Energia Natural Afluente deve ficar em 63% da Média de Longo Termo.

A política operativa para a próxima semana indica que, no Sudeste/Centro-Oeste, haverá utilização dos recursos dos rios Grande, Paranaíba e Paraná, conforme a necessidade de carga e o controle dos reservatórios. No Sul, o foco será o controle dos níveis dos reservatórios, modulando a geração hidráulica para atender à carga. O Nordeste será exportador de energia, e a operação na cascata do rio São Francisco será minimizada devido aos limites da interligação. O Norte também será exportador de energia em todos os patamares. Na Usina Hidrelétrica (UHE) Balbina, a operação também será minimizada. As bacias dos rios Tocantins e Xingu serão exploradas.

Em 2025, os consumidores brasileiros de energia elétrica do subgrupo B, que engloba residências e pequenos comércios, devem se preparar para um aumento médio de 4,67% em suas tarifas. A previsão é da TR Soluções, empresa especializada em tarifas de energia.

O principal fator que impulsiona essa alta é o aumento dos custos da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), responsáveis por cerca de 90% do incremento total. Em particular, a TUSD CDE apresentou um aumento de 23%, impulsionado pelo Programa Luz para Todos e pelos subsídios para fontes de energia incentivadas no mercado livre, enquanto a TUSD Fio B subiu 7,26%, influenciada pela inflação.

A TR Soluções calculou essa estimativa com base na média ponderada de cada uma das 51 concessionárias de distribuição do país, excluindo tributos e possíveis custos adicionais de bandeiras tarifárias.

No que se refere à contratação de energia, espera-se um aumento médio de 12,51%. Contudo, esse impacto será praticamente neutralizado em 2025 devido aos créditos tributários de PIS e COFINS e à esperada redução da TE Encargos, impulsionada pelo fim dos pagamentos dos empréstimos das contas covid e escassez hídrica, bem como pela fixação da cota da CDE GD em zero.

A análise da TR Soluções revela que 68% das distribuidoras apresentarão variações tarifárias entre -3,4% e 12,8% para os consumidores de baixa tensão. As maiores variações previstas são um aumento de 28,87% e uma redução de 10,38%.

O cenário global da energia solar fotovoltaica testemunhou um avanço notável em 2024, com a adição de 550 GW de capacidade. Esse incremento representa um crescimento anual de quase 30%, elevando a capacidade instalada acumulada da fonte para 2,2 TW ao final do ano, conforme dados da Agência Internacional de Energia (IEA).

A China se manteve na liderança dessa expansão, contribuindo com 340 GW de nova potência operacional de energia solar. A geração centralizada respondeu pela maior parte dessa capacidade (60%), seguida por projetos comerciais e industriais de geração distribuída.

Curiosamente, as instalações residenciais representaram menos de 10% do total anual no mercado chinês, um reflexo da retirada de incentivos para esse segmento. O relatório da IEA revela que, em meados de 2024, a China já havia superado sua meta de 1.200 GW de energia solar e eólica combinadas, prevista para 2030.

Na União Europeia, a instalação de energia solar atingiu 60 GW, um resultado semelhante ao de 2023. No entanto, com exceção dos três principais mercados (Alemanha, Itália e Espanha), o aumento da capacidade foi menor em cerca de 15 países do bloco, influenciado por preços de energia mais baixos e uma redução nos incentivos políticos.

A IEA destacou o desempenho excepcional de três grandes mercados de energia solar, que registraram níveis recordes de expansão em 2024: Estados Unidos, Índia e Brasil. Os EUA adicionaram quase 50 GW de nova capacidade, enquanto a Índia quase triplicou seu resultado do ano anterior, com 30 GW. O Brasil, por sua vez, instalou aproximadamente 16,5 GW, impulsionado por grandes usinas de geração centralizada.

Crescimento das Renováveis

O ano de 2024 também foi marcado por um crescimento significativo na capacidade instalada de energia renovável em todo o mundo, com a adição de cerca de 700 GW, representando um aumento de 25%. Esse foi o 22º ano consecutivo de resultado recorde. A energia solar foi responsável por três quartos desse total, seguida pela energia eólica (17%) e hidráulica (4%).

A energia eólica contribuiu com 120 GW de nova potência operacional em 2024. Juntamente com a energia solar, essas duas fontes representaram 95% de toda a capacidade renovável instalada globalmente no ano.

O estudo da IEA aponta que 80% do crescimento global na geração de eletricidade foi suprido por fontes renováveis e energia nuclear. Pela primeira vez, essas tecnologias responderam por 40% da geração total, com as renováveis contribuindo com 32%.

O Brasil alcançou um marco significativo no setor de energia solar fotovoltaica, ultrapassando a marca de 55 gigawatts (GW) de capacidade instalada, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Esse número expressivo engloba tanto os sistemas de geração distribuída (GD), de pequeno e médio porte, quanto as grandes usinas solares de geração centralizada.

Esse avanço notável beneficia diretamente 5 milhões de unidades consumidoras em todo o país. Atualmente, a potência instalada da fonte solar na geração própria atinge cerca de 37,4 GW, enquanto as grandes usinas conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) somam aproximadamente 17,6 GW de capacidade operacional.

De acordo com a Absolar, a utilização da energia solar já evitou a emissão de aproximadamente 66,6 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade, desempenhando um papel crucial na transição energética brasileira. A tecnologia solar representa agora 22,2% da capacidade total instalada da matriz elétrica, consolidando-se como a segunda maior fonte de energia do país.

Desde 2012, o setor fotovoltaico impulsionou a economia brasileira com mais de R$ 251,1 bilhões em novos investimentos, gerou mais de 1,6 milhão de empregos verdes e contribuiu com mais de R$ 78 bilhões em arrecadação para os cofres públicos.

Desafios e Potencial

Apesar do crescimento expressivo na última década, o setor enfrenta desafios que dificultam a aceleração da transição energética no Brasil. A Absolar destaca como principais obstáculos a falta de ressarcimento aos empreendedores por cortes na geração renovável e as dificuldades de conexão de pequenos sistemas de geração própria solar, frequentemente justificadas por alegações de inversão de fluxo de potência, sem a devida comprovação técnica de sobrecargas na rede.

A associação ressalta que, se esses entraves fossem superados, o setor poderia contribuir ainda mais para a sustentabilidade e atender um número ainda maior de consumidores. No caso das grandes usinas solares, a ausência de ressarcimento para cortes de geração, conforme as regras da Aneel, gera insegurança jurídica e aumenta a percepção de risco.

Atualmente, a geração própria solar representa uma parcela ainda pequena, cerca de 5%, em comparação com as 93,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica no mercado cativo brasileiro. “Com a redução de mais de 50% no preço dos painéis solares nos últimos dois anos, este é o momento ideal para investir em sistemas fotovoltaicos. O potencial de crescimento da tecnologia é enorme”, afirma Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da Absolar.

Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar, enfatiza que a geração própria solar, ao aproximar a produção de eletricidade dos locais de consumo, reduz a necessidade de infraestrutura de transmissão, alivia a pressão sobre a operação do sistema e diminui as perdas em longas distâncias. Isso contribui para a confiabilidade e a segurança do fornecimento de energia, especialmente em momentos críticos, como o recente período de calor intenso e alta demanda por eletricidade no Brasil.

“O avanço da energia solar também fortalece o papel do Brasil na geopolítica da transição energética global, sendo uma das fontes mais competitivas e democráticas. Além disso, impulsiona o desenvolvimento social, econômico e ambiental em todas as esferas da sociedade”, acrescenta Sauaia.

A entidade destaca a importância da aprovação do Projeto de Lei nº 624/2023, que institui o Programa Renda Básica Energética (REBE), para solucionar os desafios enfrentados pela geração distribuída solar relacionados às alegações de inversão de fluxo de potência, que prejudicam tanto os consumidores quanto as operações do setor.

“Além de beneficiar famílias em situação de pobreza energética, esse PL atualiza a Lei nº 14.300/2022, corrigindo restrições de conexão às redes de distribuição que atualmente inviabilizam milhares de sistemas de geração distribuída solar e prejudicam o direito do consumidor de investir em seu próprio sistema de geração solar”, ressalta o CEO da Absolar.

Panorama da Geração Solar

A geração própria solar está presente em mais de 5,5 mil municípios e em todos os estados brasileiros, assim como as grandes usinas fotovoltaicas centralizadas.

Entre as unidades consumidoras atendidas pela geração própria solar, as residências lideram o uso da tecnologia, com 69,2% do total de imóveis, seguidas pelos comércios (18,4%) e propriedades rurais (9,9%).

Minas Gerais se destaca com o maior número de unidades atendidas pela geração própria solar, com mais de 900 mil. São Paulo vem em seguida, com 756 mil, e o Rio Grande do Sul ocupa o terceiro lugar, com 468 mil.

Nos primeiros 60 dias do ano, durante um período de calor extremo e aumento no consumo de energia elétrica, a geração própria solar desempenhou um papel fundamental no atendimento à demanda.

Entre janeiro e março de 2025, a Absolar registrou a instalação de mais de 147 mil sistemas solares por consumidores, atendendo cerca de 228,7 mil imóveis e adicionando um total de 1,6 gigawatt (GW) de capacidade.

Em 2024, a autoprodução se consolidou como a principal modalidade nos contratos de longo prazo de energia solar e eólica no Ambiente de Contratação Livre (ACL) no Brasil. Essa tendência tem sido impulsionada principalmente pelos datacenters, que desempenham um papel crucial na transição energética do país. O estudo da CELA (Clean Energy Latin America), especializada em assessoria financeira e consultoria estratégica no setor de energia, aponta um crescimento significativo no número de contratos de energia renovável, destacando o protagonismo dos grandes consumidores no mercado de energia.

O que é Autoprodução e Como Ela Está Impactando o Mercado Livre de Energia?

A autoprodução é uma modalidade de contratação de energia elétrica no mercado livre, onde grandes consumidores, como indústrias e empresas, contratam diretamente a energia de usinas solares ou eólicas para consumo exclusivo. Essa prática garante uma produção de energia renovável com custos mais previsíveis e a segurança do suprimento, o que é essencial para negócios de grande porte, como os datacenters. Segundo o levantamento da CELA, em 2024, foram firmados 30 contratos de longo prazo de autoprodução, com destaque para 18 acordos de energia solar e 11 de energia eólica. Além disso, pela primeira vez, o mercado registrou dois contratos híbridos, combinando energia solar e eólica, com uma capacidade total de 2,3 gigawatts (GW).

Crescimento dos Contratos de Longo Prazo e Desafios no Setor

Em relação ao ano anterior, o número de contratos de longo prazo no ACL aumentou, saltando de 23 para 31 acordos. No entanto, o volume de energia comercializada caiu de 969 megawatts-médios (MWmédios) para 659 MWmédios. A explicação para essa diminuição está no perfil de consumo dos novos contratos e em obstáculos enfrentados pelo setor, como dificuldades na conexão dos projetos à rede elétrica, mudanças nas políticas de incentivos e um mercado de energia cada vez mais competitivo.

Apesar dessa queda no volume de energia comercializada, a autoprodução continua sendo uma escolha atrativa para grandes consumidores, como é o caso dos datacenters, que necessitam de grandes quantidades de energia e são responsáveis por grande parte dessa demanda no ACL. Com a ampliação do mercado livre para consumidores de menor porte, a participação dos datacenters na contratação de energia solar e eólica tem se intensificado, refletindo uma mudança de comportamento dos consumidores e um crescimento sustentável no setor de energia renovável.

Tendências Emergentes: Contratos em Dólares e Prazos Mais Curtos

Outra tendência crescente observada no setor é o aumento dos contratos de energia renovável denominados em dólares. Essa mudança reflete a necessidade de estabilidade nos preços da energia frente à volatilidade do câmbio, além de uma maior internacionalização do mercado de energia. Além disso, os contratos de autoprodução passaram a ter prazos mais curtos, o que pode ser uma estratégia para os consumidores se adaptarem a um mercado mais dinâmico e incerto.

A Autoprodução e o Futuro do Mercado de Energia Renovável no Brasil

A autoprodução de energia solar e eólica representa uma mudança significativa no cenário energético brasileiro, especialmente com a maior abertura do mercado livre. A participação de grandes consumidores, como os datacenters, reforça a relevância do setor de energia renovável na transição energética do Brasil. A cada ano, o volume de contratos cresce, consolidando o país como um dos principais mercados globais no setor de energia renovável.

Para 2025, as previsões são promissoras, com a expansão da capacidade instalada de geração solar e eólica, além do fortalecimento da autoprodução, que continua a ser a escolha preferencial dos grandes consumidores. À medida que as tecnologias fotovoltaicas e eólicas evoluem, a tendência é que o Brasil se torne cada vez mais independente das fontes de energia convencionais, contribuindo para uma matriz energética mais limpa e sustentável.

Conclusão: Autoprodução como Pilar da Sustentabilidade no Mercado Livre

A autoprodução de energia solar e eólica tem se mostrado uma solução estratégica e sustentável para grandes consumidores no Brasil, especialmente datacenters. Com contratos de longo prazo mais acessíveis e a garantia de uma oferta de energia renovável, esse modelo está reformulando o mercado livre de energia e favorecendo a transição energética no país. À medida que o mercado se expande e novas tendências emergem, a energia renovável segue como um dos pilares para um futuro mais sustentável e econômico no Brasil.

A geração de energia solar no Brasil segue uma trajetória ascendente, e fevereiro de 2025 não foi diferente, com um crescimento expressivo de 32,6% na geração de energia solar fotovoltaica no Sistema Interligado Nacional (SIN). O país atingiu 3.906 megawatts médios (MWmed), em comparação aos 2.946 MWmed registrados no mesmo período do ano anterior, de acordo com os dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Energia Solar: Aumento da Capacidade Operacional

Esse aumento na capacidade de geração solar reflete uma tendência crescente no Brasil, que vem apostando em fontes renováveis para fortalecer sua matriz energética. Além da energia solar, o país também registrou avanços na geração de energia a partir das hidrelétricas, com um aumento de 4,1%, e das usinas eólicas, com 21,4% de crescimento.

Apesar da expansão da geração solar e de outras fontes renováveis, as termelétricas apresentaram uma queda de 3,2% na produção, destacando-se como o único setor com redução na geração de energia elétrica. No total, a geração no SIN registrou 82.428 MW médios, o que representa um aumento de 6,6% comparado ao mesmo período de 2024.

Aumento no Consumo de Energia: Fatores Climáticos e Setoriais

A alta na geração de energia solar também acompanha o crescimento do consumo elétrico no Brasil. Em fevereiro, o consumo no SIN subiu 4,9%, atingindo um recorde de 77.056 MW. O aumento foi impulsionado por um sistema de alta pressão que afetou o clima, resultando em anomalias térmicas em diversas regiões, especialmente no Sul e Sudeste, além da escassez de chuvas em quase todo o território nacional.

O consumo foi mais acentuado nos estados de Espírito Santo (15,1%), Rio de Janeiro (13,4%) e Acre (10,4%), refletindo uma maior demanda por eletricidade durante períodos de altas temperaturas.

Setores em Destaque: Energia Solar Impacta a Indústria e Comércio

O impacto da geração solar foi visível em diversos setores da economia, com destaque para serviços (8,6%), saneamento (8,1%) e minerais não-metálicos (7,8%), que apresentaram os maiores aumentos no consumo de energia elétrica. Ao mesmo tempo, setores como telecomunicações (-7,0%) e transportes (-3,1%) registraram quedas, evidenciando a dependência crescente da energia elétrica para o desenvolvimento de diversos ramos.

O Futuro da Energia Solar no Brasil

O Brasil continua a avançar no uso de energia solar, um setor que apresenta grandes perspectivas de crescimento para os próximos anos. Com a previsão de que o país adicione 13,2 GW à sua capacidade instalada até 2025, a geração solar fotovoltaica se consolidará ainda mais como uma alternativa estratégica para a transição energética e a redução de emissões de carbono.

A energia solar, além de reduzir os custos para consumidores, também fortalece a segurança energética do país, que, ao integrar cada vez mais fontes renováveis em sua matriz, se posiciona como líder em soluções sustentáveis. O futuro da energia solar no Brasil é promissor, com um impacto significativo no desenvolvimento econômico e na criação de empregos em diversas regiões.

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